Desafios da manutenção com a inserção do Biodiesel
- Alessandro Dias
- 17 de abr.
- 3 min de leitura
A cada dia, trabalhamos em um ambiente cada vez mais voltado para as energias renováveis, onde a busca por novas tecnologias tem sido o foco das empresas. Atualmente, discute-se amplamente o conceito de Net Zero, que se refere ao processo de descarbonização otimizado para reduzir as emissões de CO₂ [dióxido de carbono].
Quando analisamos o principal combustível utilizado em motores de geradores – que, em sua grande maioria, é o diesel –, nos deparamos com um grande poluente. Sua queima não ocorre de forma completa, resultando na liberação de diversos gases e partículas microscópicas na atmosfera, conhecidas como fuligem preta expelida pelos escapamentos. Os principais componentes dessa emissão incluem:

Além de ser um dos principais poluentes ambientais, esses resíduos são altamente prejudiciais à saúde humana. [1]
Como o diesel é um combustível fóssil derivado do petróleo bruto, a inserção do biodiesel surge como uma alternativa mais sustentável. O biodiesel é um combustível renovável obtido por meio do processo químico chamado transesterificação, no qual os triglicerídeos presentes em óleos vegetais e gorduras animais reagem com um álcool primário [metanol ou etanol], gerando dois produtos: ésteres e glicerina.
O éster, após passar por processos de purificação para atender às especificações de qualidade, pode ser comercializado como biodiesel e utilizado principalmente em motores de ignição por compressão [ciclo Diesel], contribuindo para a redução do impacto ambiental.
A sua mistura ao diesel fóssil teve início em 2004, em caráter experimental e, entre 2005 e 2007, no teor de 2%, a comercialização passou a ser voluntária. A obrigatoriedade veio no artigo 2º da Lei n° 11.097/2005, que introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura legalmente obrigatória de 2% [B2], em todo o território nacional. Nesse momento da inserção podemos destacar que iniciamos um processo de transformação contribuindo com o meio ambiente.
Com o amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi sucessivamente ampliado pelo CNPE [Conselho Nacional de Política Energética].
No entanto, com o mercado aceitando e reagindo bem a essa nova inserção, o percentual foi sendo ampliado conforme a tabela abaixo mostrando os valores dos últimos 4 anos. [2]

No entanto, como o próprio nome indica, o biodiesel é um combustível derivado de material orgânico, o que o torna biodegradável. Isso traz grandes desafios para toda a cadeia produtiva. A presença de água no sistema pode desencadear o desenvolvimento microbiano; mesmo uma quantidade mínima de água (cerca de 1%) no processo de armazenamento é suficiente para o crescimento de microrganismos. A seguir, apresentamos uma imagem ilustrando como ocorre esse processo de contaminação. [3]

A água surge continuamente nos estoques de óleo diesel devido à condensação do ar que entra no tanque pelo bocal de respiração, formando água livre dentro do tanque. Considerando que o diesel passa por diversos tanques durante o processo de produção e transporte, em qualquer um desses pontos há a possibilidade de contaminação por água.
Esse fenômeno resulta na degradação do sistema, promovendo a formação de biomassa microbiana, conhecida como borras, que se acumula nos tanques e nas peças do sistema de injeção, como bombas, bicos injetores e filtros. Esse acúmulo pode causar sérios problemas no motor, como falhas na partida ou perda de potência devido à obstrução do fornecimento de combustível.
O grupo Sol fez um levantamento que entre os problemas que as transportadoras enfrentaram estão: [4]

Nos clientes onde atuamos na manutenção dos sistemas de diesel, estamos trocando com mais frequência os filtros, além da de aumentar as necessidades de limpezas dos tanques. A durabilidade dos filtros caiu drasticamente com o aumento da mistura.
Outro aspecto é o armazenamento que é desafiador, postos de abastecimento, grandes tanques de Data Center e hospitais tem sofrido muito com formação de borras devido à qualidade do biodiesel.
Isso tem gerado diversas discussões no setor, tanto é que o governo estava trabalhando com a ideia de em março de 2025 realizar a alteração para 15%, mas deu um passo atras para a preservação dos motores.
Sem um robusto programa de manutenção preventiva, os operadores correm o risco de reparos dispendiosos e interrupções operacionais, ressaltando a importância da manutenção neste contexto. [5][6]
Para lidar com esses desafios, os operadores estão adotando cada vez mais programas abrangentes de manutenção preventiva que incorporam limpeza e lubrificação, inspeções de rotina e técnicas de monitoramento de condições. Essas estratégias não apenas melhoram o desempenho dos geradores, mas também reduzem falhas inesperadas e custos de manutenção.
[1] http://dx.doi.org/10.5902/2236117010537, Revista do Centro do Ciências Naturais e Exatas - UFSM, Santa Maria, Revista Eletronica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental – REGET, e-ISSN 2236 1170 - V. 18 n. 1 Abr 2014, p. 66-78
[4] https://www.gruposol.com.br/blog/impacto-do-aumento-do-biodiesel-no-diesel:-desafios-e-prejuizos
[5] https://www.a1generators.ca/blogs/blog/1299604-how-effective-maintenance-can-e xtend-your-generator-s-lifespan

Alessandro Dias– Gerente de Serviços Mendes Holler
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